Continuar o combate<br>de Catarina Eufémia
A melhor homenagem que podemos prestar hoje a Catarina Eufémia é a de continuarmos o combate pelos objectivos por que deu a vida. O Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reafirmou no domingo, 22, em Baleizão, que «não desistiremos da luta e do papel que nos cabe na defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País».
O PCP não esquece os seus mártires e os seus heróis
Catarina Eufémia, orgulho do glorioso proletariado rural alentejano e de todos os trabalhadores portugueses, orgulho do seu Partido, o PCP, foi homenageada em Baleizão, no 62.º aniversário do seu assassinato pelo fascismo.
Intervindo na terra da camponesa mártir, no largo com o seu nome e nesse dia repleto de gente, Jerónimo de Sousa garantiu que o exemplo de luta, combatividade, abnegada coragem e dignidade de Catarina permanece como referência para os combates do presente e do futuro, «os combates pela transformação social, pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, contra a exploração e a opressão, pela sociedade nova». E sublinhou que nós, os comunistas, «honramos e jamais esquecemos os nossos lutadores, os nossos heróis e os nossos mártires», porque nutrimos um profundo respeito e admiração «pelos seus exemplos, que nos dão ânimo, força e coragem para prosseguirmos essa luta».
O dirigente comunista lembrou os acontecimentos, gravados na memória dos trabalhadores e do povo português, daquele dia 19 de Maio de 1954, em que Catarina, «enfrentando corajosamente a força bruta fascista, tombou às suas balas assassinas». Foram dias de «luta acesa do heróico povo de Baleizão, em greve por melhores jornas e contra a opressão e a exploração do latifúndio, sustentáculo do regime fascista», dias de luta que punham à prova «a notável consciência de classe e política do heróico proletariado rural alentejano».
Ao homenagear Catarina – disse Jerónimo –, é a longa e heróica luta dos trabalhadores agrícolas do Alentejo que temos presente: «A sua luta pelo trabalho e pelo pão. A sua luta para pôr fim ao trabalho escravo de sol a sol que não tardaria a chegar noutro Maio de grandes e poderosas lutas, escassos anos depois, com a conquista do horário das oito horas. A sua luta pela democratização do acesso à terra, pelo bem-estar de todo um povo». Na memória colectiva, realçou, «perdurará para sempre o exemplo de coragem e de heroísmo demonstrados por milhares e milhares de proletários agrícolas, as perseguições, as prisões, os espancamentos, as torturas a que foram submetidos pela brutal repressão fascista».
Jerónimo de Sousa considerou que falar de Catarina é enaltecer a luta de resistência contra o fascismo e a luta pela liberdade. E associou na homenagem à camponesa baleizoeira «todos os antifascistas que perderam a vida ou sofreram as consequências da sua opção de fazer frente ao odioso regime fascista de Salazar e Caetano – essa ditadura dos monopólios e dos agrários».
Evocar Catarina é convocar a Reforma Agrária, «sonho que se tornou momentaneamente realidade com a Revolução de Abril, sob a consigna “a terra a quem a trabalha”». O líder comunista reafirmou que a Reforma Agrária permanece como um projecto de futuro, um projecto necessário e que mantém toda a actualidade como parte integrante do processo de desenvolvimento do Alentejo, «um projecto que não abandonaremos e pelo qual continuaremos a lutar».
No final da intervenção, em que abordou também a actual situação política nacional, Jerónimo de Sousa assegurou que, nós, comunistas, «não desistiremos da luta e do papel que nos cabe na defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País». Com a consciência de que a melhor homenagem que podemos prestar a Catarina Eufémia é a de «continuarmos o combate pelos objectivos pelos quais ela deu a sua vida».
Cante a Catarina
Em Baleizão, a homenagem a Catarina começou com a deposição de flores na sua campa. Em seguida, com Jerónimo de Sousa e outros dirigentes do PCP à frente, uma multidão empunhando bandeiras vermelhas e gritando palavras de ordem como «O povo unido jamais será vencido!» ou «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!», atravessou a aldeia até ao Largo Catarina Eufémia, onde decorreu o comício.
À tribuna de honra subiram dirigentes do Partido – além do Secretário-geral, viam-se Luísa Araújo e João Dias Coelho, dos organismos executivos do Comité Central, Miguel Madeira, responsável pela Dorbe, João Ramos, deputado, João Rocha, presidente da Câmara Municipal de Beja, e Silvestre Troncão, presidente da Junta de Freguesia de Baleizão. Presente ainda Valter Cabral, responsável da JCP.
Antes das intervenções de Teresa Pires, da Dorbe, e de Jerónimo de Sousa, entoaram umas modas o grupo coral feminino Terra de Catarina e o Grupo Coral de Baleizão. Uma bela homenagem do cante alentejano a Catarina.